Como
os alunos aprendem?
O que precisa mudar para que os alunos
efetivem suas aprendizagens?
O
desenvolvimento da criança, assim como a sua aprendizagem apresentam diversas
etapas, físicas, psicológicas, motoras e de linguagem. As experiências vividas
pela criança tem impacto duradouro na vida e no desenvolvimento do aluno, as
experiências moldam o cérebro desse aluno, interferindo no seu comportamento e na
saúde ao longo da vida (PICOLLI, 2013). Por isso é muito importante elaborar
uma proposta pedagógica com a finalidade de estimular experiências que permitam
um desenvolvimento saudável. A estimulação do ambiente e as habilidades já
desenvolvidas podem e devem ser aperfeiçoadas ao longo dos anos. Os alunos
chegam à escola com algumas habilidades e é necessário estimulá-los para que
aprimorem as habilidades já conhecidas e possam adquirir novos conhecimentos. A
memoria da criança guarda aquilo que a criança já experienciou ao longo da
vida. A aprendizagem é um objeto multicausal, no qual vários fatores são
relacionados, sócio econômico, emocionais, ambientais, biológicos, dentre
outros.
Um
professor enfrenta diversos desafios no seu dia a dia de trabalho, pois ensinar
não é tarefa fácil, pois lidar com comportamentos difíceis em sala de aula é uma
das tarefas que mais preocupa a professora do segundo ano, exigindo muita
paciência e dedicação.
Normalmente,
devido a dinâmica e a rotina, a sala de aula não é um ambiente que favoreça aprender
com o outro, por isso é importante que a professora promova estratégias e
atividades que aproximem os alunos, favorecendo suas aprendizagens. A sala de
aula pode ser um ambiente acolhedor ou intensificador de problemas, cabe ao
professor fazer a escolha.
Nesta
turma de segundo ano existem alunos com dificuldades para aprender, por isso sentem-se
inferiores aos seus colegas. Esta situação exige observação, com cuidado sobre
cada aluno, na tentativa de ajudá-los a superar suas dificuldades. Alguns são
tão ansiosos que acabam estagnando (PICOLLI, 2013), ao se aproximar do aluno a
professora pode propor atividades que o deixem mais confiantes. Por isso a
importância de “[...] Investigar como cada um pode aprender melhor implica
perceber os diferentes estilos de aprendizagem, as diferentes capacidades de
concentração e os diferentes interesses para saber como lidar com a
diversidade” (PICOLLI, 2013, p.45).
Para
perceber como os alunos estão se sentindo é preciso aproximar-se e tentar
descobrir o que se passa com cada aluno, não é tarefa fácil, o que pode ser
simples para um aluno, pode ser bem complexo para outro. A criança pode ter
dificuldade em identificar o que sente e em expressar-se. Existem aqueles
alunos ansiosos e impulsivos, mas é preciso lembrar que a impulsividade é
característica da criança dessa faixa etária, então é necessário um
planejamento de atividades que ajudem esses alunos a se organizarem.
Há alunos
que apresentam dificuldade para expressar-se e compreender o que está sendo
comunicado, ficando inquietos, nervosos, sinalizam de algum modo, por isso o
contato visual nesses casos é muito importante. Picolli (2013) fala que:
Há
crianças que aprendem mais auditivamente, pois conseguem prestar bastante
atenção à fala de professores e colegas; outras precisam de estímulos visuais
para ficar mais tempo concentradas em uma contação de história, por exemplo;
outras, ainda movimentam constantemente o corpo, apreciam manipular objetos,
querem aprender o mundo corporalmente (p. 45-46).
Contextos
de humilhação e intimidação ocorrem diariamente, cabe a professora, nesses
casos, conversar com o grupo. As metas do professor precisam estar claras para
que possa acompanhar cada aluno nas atividades e poder ajudá-los a construírem
uma aprendizagem significativa.
Existe
aquele aluno desmotivado, que por vezes acaba despercebido, quando comparado
aos seus colegas ativos e ansiosos. Nesse caso, podem estar passando por
difíceis situações, para ajudar é preciso valorizar o que já sabe. Há também, aqueles
que não conseguem concentrar-se nas atividades por vários motivos. Neste
sentido, a professora precisa estabelecer estratégias com eles para que os
estímulos externos não os desorientem. O ambiente nesse caso é muito
importante, por isso a sala necessita conter coisas que se relacionem com o que
a criança está aprendendo, ou seja, o ambiente precisa ser estimulante e
encorajador.
Para
que a criança tenha sensação de segurança é fundamental o vínculo afetivo estabelecido
entre professor e aluno, pois a mudança de comportamento leva tempo, sendo
necessário tempo e paciência para que todos aprendam, considerando suas diferenças.
A
agressividade é bastante presente na sala deste 2º ano. Como Picolli (2013)
lembra, a irritação gera irritação e pode contaminar toda a sala. Por isso é muito
importante estabelecer um canal de comunicação entre professor e aluno, lembrando
sempre que o papel do professor é de mediar e promover estratégias para que a aprendizagem
ocorra.
Considerando
observações realizadas na turma do segundo ano do Ensino Fundamental
constatou-se diferentes níveis de escrita. Um aluno está no nível pré–silábico,
três encontram-se no nível silábico, um aluno no nível silábico alfabético e
dezesseis alunos já estão no nível alfabético.
Características
do aluno pré-silábico
Aluno
A: dificuldade de concentração e memorização. Conhece as letras do seu nome e
as dos nomes de seus irmãos. Conta e conhece bem números até o cinco (5),
apresenta dificuldades de aprender o numeral, conseguindo reconhecer apenas a quantidade.
Características
dos alunos silábicos
Aluno
B: consegue perceber que para escrever palavras é preciso pensar sobre quais
letras utilizar, porém, ao escrever utiliza as vogais e letras do seu nome.
Aluno
C: uma criança muito tímida, não conversa, não interage com seus colegas, nem
nas atividades corporais. Conhece as letras do alfabeto, porém, confunde
algumas, como “r e l”, “g e d”, entre outras. Além disso, também apresenta
dificuldades nos numerais, consegue contar, mas não os representa de forma
numérica.
Aluno
D: muito disperso, não consegue se concentra nas atividades, porém, conhece as
letras e os números. Ao escrever palavras ainda não percebe que precisa formar
famílias silábicos.
Características
do aluno silábico-alfabético
Aluno
E: conhece as letras, mas troca algumas na hora da escrita, apresenta
dificuldades na leitura e escrita. Na matemática, conhece todos os números e
consegue realizar algumas operações.
Características
dos alunos alfabéticos:
Aluno
F: bagunça o tempo inteiro, chama a atenção dos colegas e dispersa a aula.
Conhece as letras, já escreve com a letra cursiva e realiza leituras,
conseguindo construir frases e pequenos textos. Seu raciocínio matemático ainda
e pouco desenvolvido, necessitando de material de contagem para auxilio.
Aluno
G: lê e escreve, compreende tanto letra bastão como letra cursiva, uma criança
muito criativa, porém, conversa bastante, tirando a atenção dos colegas.
Aluno
H: lê e escreve, mas o traçado da letra precisa melhorar, não consegue
manter-se sentado, conversa e brinca o tempo inteiro, não consegue
concentrar-se por muito tempo.
Aluno
I: escreve muito bem, é bastante criativo, porém é bem bagunceiro, precisa de
atividades que o envolvam para que não tenha tempo de distrair-se.
Aluno
J: esperto, apresenta uma imaginação muito aflorada, sempre com assuntos do
mundo adulto, conversa e tira a atenção dos colegas, além disso, não costuma
reagir muito bem as regras estabelecidas. Domina muito bem, tanto a escrita,
como as atividades lógico matemáticas.
Aluno
L: lê com dificuldades devido a um problema fonológico, mas é muito inteligente
e carinhosa, sempre disposta a aprender. Seu problema fonológico não limita sua
aprendizagem, apenas sua fala.
Aluno
M: Criativa e muito atenta a conversa paralela, lê e escreve, já utiliza e
compreende bem a letra cursiva.
Aluno
N: Uma criança bem quieta, atenta e muito inteligente, lê e escreve com letra
cursiva, compreendendo bem as leituras que faz.
Aluno
O: lê e escreve muito bem, porém, gosta de chamar a atenção, isso faz com que
ele se distraia, além de atrapalhar a aula e os colegas.
Aluno
P: aluno que se destaca, muito criativo e inteligente, porém, quer mais do que
é oferecido, isso faz com que ele se distraia e perca o interesse em certas práticas
oferecidas. Gosta muito de desenhar.
Aluno
Q: destaca-se pelo comprometimento com as atividades, gosta sempre de tudo que
é proposto e tem bastante facilidade em resolver problemas. Lê e escreve muito
bem.
Aluno
R: lê e escreve com facilidade, distrai-se facilmente com conversas paralelas e
isso faz com que esteja sempre atrasada em suas atividades.
Aluno
S: muito ativo, criativo e envolvido com o mundo fora da escola, porém, não é
querido pelos colegas, isso o faz querer chamar mais a atenção. Lê e escreve
muito bem, está sempre atrasado nas atividades.
Aluno
T: destaca-se pela criatividade, sempre disposto a brincar, lê e escreve muito
bem, está além das atividades oferecidas, isso o desconcentra em certas
atividades, deixando-as de lado. Já realiza cálculos mentais.
Aluno
U: sempre disposta a aprender, lê e escreve, não sabe esperar a sua vez, quer
estar sempre à frente dos colegas. É caprichoso e cuidadoso com seu
aprendizado.
Aluno
V: brinca o tempo inteiro, inventa personagens com os objetos do seu estojo,
não consegue ficar sem mexer em algo. Lê e escreve muito bem.
Referencias
PICOLI, Luciana; CAMINI, Patrícia. Práticas pedagógicas em ALFABETIZAÇÃO: espaço, tempo e corporeidade. Porto Alegre: Edelbra, 2013.